19 de mar. de 2010

Quem é o inimigo?


A dualidade sempre esteve presente na humanidade. E se assim é, quem é o bem? O que é o mal?
A destruição do ecossistema - e consequentemente da humanidade é, possivelmente, a pior consequência de uma série de ações, decisões e caminhos que tomamos desde que descobrimos o fogo. A maioria das pessoas "sabe" disso. Mas ainda assim, nossa tendência é procurar o arquétipo do culpado. Ou decidir quem é ele. Julgar, apontar e preferencialmente, condenar. Ou, em último caso, se "fazer de morto".
Então, refletindo a respeito, existe um culpado, um "inimigo"? Seriam os japoneses caçadores de baleias? Ou os consumidores de sopa de barbatana de tubarão? Será que são os líderes mundias? Talvez os ativistas do Greenpeace ou os voluntários da Sea Shepherd, apontados como terroristas?
Eu penso que não, nada disso. Penso que o nosso maior "inimigo" é essa Egrégora (para os místicos), essa Cultura (para os filósofos), o Inconsciente Coletivo (para os Jungianos)... enfim... é essa coisa enorme da qual fazemos parte, da qual somos criação e criadores, uma idéia tão imensa que consome nosso Ego. É uma força, um pseudo conhecimento, que domina a massa, e mesmo aqueles que tem o privilégio de não estarem presos a dogmas ou pontos de vista imutáveis, mesmo esses, ainda estão sujeitos a serem vítima dessa "força" que cega, hipnotiza, anestesia.
E a pior consequência disso, é que no fim a gente deixa o Ego nos levar. Nos tornamos escravos dele. Dessa forma, fica muito mais fácil apontar o culpado como um indivíduo que, em teoria, não é influenciado por nossas ações, do que olhar no espelho e encontrar o verdadeiro responsável por absolutamente tudo: o EGO.
É ele. Não o "culpado", mas a esponja que absorve tudo o que veladamente nos diz que nós somos mais fortes, mais inteligentes, mais importantes e mais sábios que os outros. É ele que nos faz ver mais defeitos do que qualidade nos outros, e o que nos faz pensar que nosso caminho e nossos pensamentos são mais corretos que outros. É ele que em uma disputa eleitoral, jamais deixaria um candidato assumir que o outro tem propostas melhores, e o bem comum que deveria ser o objetivo, passa a ser o menos importante. É ele que faz com que, em pleno mar gélido da Antártida, ativistas se neguem a colaborar uns com os outros porque são de ONGs com estratégias diferentes.
Eu sei que eu também sou parte disso. Sou vítima de minhas próprias sabotagens. E é exatamente por isso que eu escrevo: para que minha reflexão não seja solitária. Para que possam haver opiniões diferentes. Para então haver conflito e necessidade, para daí nascer o pensamento e o crescimento.
Bom final de semana a todos!!

3 comentários:

  1. Não lembro quem tirou a foto...

    ResponderExcluir
  2. Oi Aggnes! Parabéns pelos textos, anda inspirada heim :). Realmente esse nosso "FALSO EGO" é uma porcaria, nos faz buscar a "FALSA FELICIDADE" e por aí vai...
    É difícil abrir mão e reconhecer, sem preconceitos, as idéias dos outros...está aqui nosso desafio até que consigamos nos entender como humanidade, única, antes que tenhamos uma aula prática e aguda que o planeta nos dará...
    Beijão.

    ResponderExcluir
  3. Olá Aggnes,
    Passei a adminrá-la quando lá atrás li um artigo seu, e continua escrevendo de forma brilhante, parabéns, me identifico muito com que escreves. ...somos os sabotadores e os sabotados...o ego, a esponja que absorve tudo... Fazendo uma releitura do seu artigo diria que cada um busca administrar sua vaidade, única, verdadeira e absoluta, aí me remeto aos velhos sábios: que falam da humildade, despreendimento, compaixão, etc. que estamos deixando para trás.
    Sucesso.

    ResponderExcluir